Certa vez, quando eu devia ter uns 15 anos, um
amigo do meu pai nos levou para pescar no Rio dos Patos, um riacho próximo de
Promissão/SP, afluente do Tiete.
Era uma pescaria de lambaris, mas com um
detalhe, aqueles eram os maiores lambaris que já havia visto (ou voltaria a
ver), medindo quase um palmo da cabeça ao rabo. Valentes, vergavam para valer
nossas varinhas de bambu.
Havia muitos, a cada curva de rio, a cada
corredeira, era só jogar a isca e pegar. Matamos tudo que pegamos, claro (que
mal há em levar uns lambaris para casa?). Todos os pescadores que iam lá faziam
a mesma coisa.
Fiquei maravilhado com aquele riozinho e seus
lambaris gigantes, tanto que voltei lá algumas vezes nos anos seguintes. Mas...
cada vez que voltava, os peixes diminuíam, em tamanho e quantidade, até que
aquele rio se tornasse apenas mais um, dilapidado, cansado.
Não sei por que lembrei dessa história agora. Mas
ela se repete e se perpetua.
Está acontecendo agora, em algum rio por aí. Uma tristeza.