segunda-feira, 11 de abril de 2011

MERGULHADOS NO PÂNTANO

Tenho acompanhado com atenção um programa novo no History Channel, “Mergulhados no Pântano”. Basicamente, o programa narra a vida de moradores dos pântanos da Luisiana, descendentes de franceses conhecidos como cajuns, durante a temporada de caça ao jacaré.

Achei o programa interessante desde o início, graças ao estilo de vida perigoso e independente dos cajuns, em um ambiente hostil e totalmente dominado pela natureza. Mas, além disso, o que também me chamou a atenção foi uma maneira bem interessante e aparentemente racional de exploração dos recursos naturais.

A caça ao jacaré nesse Estado americano foi a forma que se encontrou de controlar a explosão populacional do animal, protegido por lei. Durante 30 dias, caçadores recebem uma licença temporária, além de um número limitado de etiquetas, sendo que cada etiqueta equivale a um jacaré a ser morto.

Os caçadores pagam caro pelas licenças, mas obtém um bom lucro com a venda da carne e da pele dos animais. Quase tudo do jacaré é aproveitado, em alguns locais até mesmo as garras são usadas para a confecção de “coçadores” para as costas.

Ao final da temporada de caça, o animal está novamente protegido pelas  severas leis americanas. Imagino que tudo isso seja precedido de rigorosos estudos a indicar a quantidade de jacarés que poderão ser caçados naquele período.

Tal prática, além de proporcionar um manejo sustentável das populações de jacarés, também funciona como fonte geradora de renda e riqueza, movimentando milhares de dólares com a emissão de licenças, venda e processamento de couro, carne, etc.

Isso tudo é especialmente interessante à luz do contraste com a situação que encontramos aqui, onde as populações de jacarés e capivaras, por exemplo, atingem níveis altíssimos e sequer é cogitado um controle nesses moldes (imagino a reação histérica dos preservacionistas "talibãs" se isso acontecesse).

Nem sei se esse sistema funcionaria no Brasil, já que, para que tenha sucesso, é necessário não apenas que haja fiscalização por parte das autoridades, mas também consciência e bom senso por parte dos pescadores/caçadores (coisa que não é tão comum por aqui).

Enfim, fica o exemplo e a esperança de que um dia sistemas como esse possam ser implantados por essas bandas, assim como já acontece com a pesca na nossa vizinha Argentina.

Um comentário:

  1. Daniel, por aqui, a mentalidade é diferente. Começa por nossas "otoridadis", que não sabem a diferença entre "preservação" e "conservação".
    Como você, sou apaixonado pelo fly fishing. Procurei o pessoal da Universidade Federal do Acre, propondo que me permitissem pescar piaus num dos lagos de lá, DEVIDAMENTE acompanhado por biólogo, para realizar estudos com os peixes, com soltura obrigatória.
    A resposta foi não, pois, segundo eles, aquilo ali é "área de preservação".
    Ou seja - nem eles sabem o que é preciso para preservar!
    Parabéns pelo blog.
    João Nicácio

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